Os resultados parciais do
estudo de viabilidade técnica e econômica para a implementação da logística
reversa de medicamentos (devolução dos restos de remédios em pontos de coleta
para a destinação apropriada), elaborado pelo Instituto de Economia da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foram apresentados na capital paulista.
As
informações mostradas no seminário “Resíduos de Medicamentos: oportunidades e
parceiras”, promovido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
(Abdi), em parceira com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
apontam soluções para problemas sociais e ambientais ocasionados pelo descarte
incorreto de medicamentos vencidos ou não utilizados.
Célio
Hiratuka, professor da Unicamp responsável pela pesquisa, os resíduos, quando
oriundos de domicílios, são habitualmente despejados na rede de esgoto e no
lixo comum. “ Isso causa envenenamento acidental de crianças e adultos, abuso
intencional [do uso dos remédios] e contaminação da água”, disse.
A
logística reversa, já prevista no Decreto nº 7.404/2010, é uma maneira de
viabilizar a destinação mais correta dos remédios. O programa sugerido pela
Unicamp incluiria a criação de uma entidade gestora nacional, sem fins
lucrativos, com o papel de repassar recursos e realizar campanhas
publicitárias. A execução do programa depende de um conhecimento maior das
especificidades regionais brasileiras, que ficaria a cargo de operadores
regionais.
Segundo
Hiratuka, o financiamento desse programa seria feito pela indústria
farmacêutica, formada por fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes. A entrega dos restos de medicamentos ocorreria nas farmácias, que
funcionariam como pontos de coleta. De lá, os resíduos seguiriam para uma
destinação ainda não definida. “Existem três alternativas: a incineração, o
aterro industrial e o coprocessamento”, informou o professor.
De
acordo com o estudo, o Brasil precisaria coletar 12,6 mil toneladas de resíduos
ao ano, em 42,1 mil farmácias espalhadas pelo país. O programa teria uma
estratégia de implementação progressiva, priorizando inicialmente as 285 cidades
brasileiras com mais de 100 mil habitantes. Elas representam 52% dos municípios
brasileiros e somam 6,7 mil toneladas de medicamentos descartados ao ano. Pela
meta da implementação progressiva, as cidades com mais de 100 mil habitantes
precisariam chegar a 100% de coleta até 2017.
Hiratuka
explicou que os parâmetros foram baseados em experiências internacionais, como
da União Europeia, que tem esse sistema desde 2004. Outros países encontraram
alternativas diferentes no recolhimento dos restos de remédios, como o envio
dos resíduos por correio ou o recolhimento em datas regulares. Porém, na
opinião do professor, é preciso que, no Brasil, seja estabelecido um marco
regulatório e institucional para a logística reversa de remédios. “O objetivo
(do estudo) é balizar a discussão do acordo setorial”, disse Hiratuka.
De
acordo com Silvano Silvério da Costa, secretário de Ambiente Urbano da
Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, o acordo
setorial, que faz parte da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) deverá
ser assinado no próximo ano. “A logística reversa deve ser implementada até o
final de 2013”, declarou.
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